Da mesma forma que a Enc. “Laudato Si”, sobre o cuidado da casa comum (de 2015), a Enc. “Fratelli tutti” (de 2020) tem inspiração em São Francisco de Assis e uma conexão muito forte com o Movimento Escoteiro.
Pensemos no Princípio “Deveres para com o Próximo” (ou “Deveres para com os Demais” ou, ainda, “Compromisso de Cooperação com os Outros”), no texto da Promessa Escoteira (“ajudar o próximo”) e nos artigos 3° (“ajudar o próximo”) e 4° (“amigo de todos”) da Lei Escoteira.
Independentemente de religião, acredito que todos os adultos do Movimento Escoteiro (incluindo os Pioneiros) deveriam ler e refletir sobre a Enc. “Fratelli tutti”.
Uma reflexão sobre a parábola do Bom Samaritano para os dias atuais, tal como sugere a Encíclica (itens 69 a 83, 101 e 102), me parece bem interessante para uma reunião de Clã, Escotistas ou Dirigentes. Jesus Cristo propôs essa parábola para responder a uma pergunta: “E quem é o meu próximo?” (Lc 10, 29).
Que reação poderia provocar hoje a parábola do Bom Samaritano, em um mundo onde constantemente aparecem e crescem grupos sociais que se agarram a uma identidade que os separa dos outros? Como isso afetaria aqueles que se organizam de maneira a impedir qualquer presença “estrangeira” que possa ameaçar sua identidade e suas estruturas autodefensivas e autorreferenciadas?
Nesse contexto, não fica excluída a possibilidade de se fazer próximo, sendo possível apenas ser próximo de quem permite consolidar os benefícios pessoais? Não lhe parece que o termo “próximo” perde o significado, fazendo sentido apenas a palavra “parceiro”, aquele que é associado para determinados interesses?
Enfim, são muito boas as reflexões que podem ser feitas a partir da Enc. “Fratelli tutti”, contribuindo para uma análise profunda dos valores contidos na Promessa e na Lei Escoteiras. Afinal, quem é o próximo que prometemos ajudar?
