A contribuição do Movimento Escoteiro com a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza.

Rubem Perlingeiro
Rubem Perlingeiro
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A contribuição do Movimento Escoteiro com a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza

A Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN), criada em 1958, é considerada a primeira organização não governamental ambientalista do Brasil.

O 76 Grupo Escoteiro Nossa Senhora Medianeira, localizado no Rio de Janeiro, era associado à FBCN e o seu Clã de Pioneiros contribuiu bastante com os trabalhos da Fundação, como demonstra a carta de agradecimento do seu presidente à época, José Cândido de Melo Carvalho, ao Mestre Pioneiro Tito de Paula Couto, publicada na Revista Sempre Alerta n° 114, edição de outubro de 1968:

“Apraz-me louvar o espírito de cooperação dos Pioneiros do 76 GE, cuja inteligência e patriotismo, postos a serviço de nossa causa comum, credenciam-nos como alguns de nossos destacados elementos.

Em nome de nossa Diretoria e em meu próprio, felicito a União dos Escoteiros do Brasil, bem como os nossos jovens amigos, pelo esforço em elaborar tão valioso documentário, demonstração de inteligência e patriotismo que honra essa União e seus relatores.”

Em 1962, o Clã lançou a “Operação Curupira” para ajudar na proteção do Parque Nacional da Tijuca. Na referida edição da Revista Sempre Alerta, o Mestre Pioneiro Tito descreveu os detalhes da Operação Curupira:

“Em 6 anos, realizadas 36 incursões no Parque Nacional da Tijuca, setores Grajaú, Andaraí, Excelsior, Bom Retiro e Ciganos, dentro das mais variadas condições de terreno e enfrentando grandes dificuldades, Pioneiros percorreram 270 quilômetros de floresta, com resultados surpreendentes.

Assim, descobriram um pequeno rio que não constava em mapas, grutas de diversos tamanhos e vestígios históricos em plena mata, tais como ruínas de fazendas (do século dezoito) e um marco de posse de terras (sesmarias) da mesma época.

Além disso, elaboraram um plano de proteção e aproveitamento turístico-cultural da região.”

O nome da operação foi inspirado no Curupira, que também era o símbolo da FBCN, justamente por ser o “protetor das florestas”. Com a palavra, o Mestre Tito:

“O Curupira habita o âmago da floresta, abrigando-se nas grandes árvores. O seu machado, feito de casco de jabuti, nada destrói. Com ele, costuma bater no tronco das árvores, avisando os animais quando se aproximam tempestades. O Curupira é o ‘O ESPÍRITO BOM’. Só engana os viajantes e caçadores que agem contra os princípios da ética da natureza. É por esse motivo que possui os pés virados para trás, característica que utiliza para despistar os depredadores.”

Ele finalizou a matéria convocando todos os Clãs do Brasil a se engajarem na proteção dos Parques Nacionais.

Mais de 60 anos depois, o chamado do Mestre Tito continua atual e válido, e uma nova “Operação Curupira” realmente poderia ser uma ótima oportunidade para os Pioneiros contribuírem para a proteção das nossas florestas e, por conseguinte, ajudarem no combate às mudanças climáticas.

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